One-Shot com Harry Styles | Let Her Go

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Cá estou eu, procurando algo aceitável para vestir e tentando esquecer de tudo o que fiz na minha vida. O discurso já estava preparado, só me faltava coragem para lê-lo sem me afogar em um rio de lágrimas. Peguei um terno e o coloquei enquanto nossa música tocava no rádio, me fazendo recordar de tudo mais uma vez:

 -- Flashback on --

 - Mas que porra é essa aqui?! - gritou enquanto jogava a sacola de compras no chão e lágrimas já brotavam de seus olhos. - Harry, seu safado, sai já da minha casa com essa loira oxigenada e vai pra um puteiro! Não quero saber mais de você!!
E me expulsou, chorando e jurando nunca mais querer ver a minha cara novamente.

 (...)

 - Por favor, me dê outra chance... Eu me arrependo de tudo o que eu tenho feito. - falei enquanto uma lágrima solitária escorria pelo meu olho esquerdo.
- Eu não sei. Tenho que pensar - ela disse, tentando parecer fria, mas percebi que ela estava prestes a chorar.
- Eu te amo - sussurrei ao telefone, enquanto mais lágrimas escorriam por meu rosto. E então, desliguei.

 (...)

 - Hey... quer fazer algo comigo essa tarde? - perguntei a abraçando por trás.
- Tipo o quê? - ela perguntou virando o rosto para me olhar.
- Sei lá... Que tal fazer amor? Eu estou com saudades, hein? - perguntei em tom engraçado.
- Meu Deus, Hazza - riu e selou nossos lábios.

 (...)

 - Hey... você me ama? - ela perguntou do nada, assim que saiu do banho, ainda enrolada na toalha.
Ri e disse: - Claro! Por quê não amaria?
- Não... assim, não, Harry. De verdade, sabe?
- Que pergunta idiota! É claro que eu te amo. Se você acha que eu estou te traindo novamente pode parar de pensar isso. Eu realmente me arrependo do que fiz e não vou mais fazer isso porque percebi que quem eu realmente amo é você - argumentei enquanto me levantava da cama.
- Então, sei lá... prova! - pediu.
- É só me dizer o que eu preciso fazer.
- Grita pro mundo todo que me ama.
- Mundo, eu estou apaixonado por uma garota chata, linda, insuportável e charmosa! Eu te amo, !
- Não, menino, é pra gritar pro mundo inteiro. Por quê sussurrou no meu ouvido? - ela reclamou e eu ri.
- Porque meu mundo é você! - confessei a imprensando na parede e beijando-a, tirando, assim, sua toalha.

 (...)

 - Hazza! Môôô...! - ouvi me chamar do andar de cima do apartamento.
- Quié? - perguntei pouco interessado no que ela tinha pra falar.
- Hoje fazemos 4 anos de namoro! - ela disse surpreendentemente pulando detrás da minha cadeira, me dando um pequeno susto.
- Que bom, amor... - murmurei enquanto escrevia algumas notas na partitura com uma mão e com a outra eu dedilhava as mesmas notas do piano.
- Que bom, amor?? - pronto. Revoltou-se, agora - A gente completam 4 anos de namoro e tudo que eu recebo é um "que bom, amor"?
- É - afirmei tirando minha atenção da música que estava compondo por alguns instantes e a fitando. - Olha aqui, cara, eu não vou continuar a aceitar isso por muito tempo mais não, viss?
- Amor, deixa de ser boba! A gente não tem que ficar o tempo todo grudado - ri dela.
- Harry, a gente não tem um tempo só pra nós há muito! Você sempre está trancado no seu escritório compondo e os poucos diálogos que temos sempre acabam em briga porque você já vem todo grosseiro pro meu lado. OK. Eu entendo que você preciso compor pra conseguir o contrato com a gravadora mas eu sou uma mulher, tenho minhas necessidades e preciso de você - falou com os olhos marejados.
- Olha aqui, querida, nós nem sempre podemos ter tudo o que queremos! Você não vai me ter de volta tão cedo, ok? Eu tenho que compor essas músicas. Preciso desse contrato! - afirmei, aumentando o meu tom de voz.
- Grosso! - ela falou isso e saiu do escritório.
- Gorda! - gritei.
Agora eu havia tocado em algo delicado. desde criança havia sofrido bullying por ser um pouco gordinha. E por sempre ser alvo de piadinhas, sofria muito. Ela ainda era um pouco, digamos, traumatizada por isso... e sofria quando alguém a lembrava de uma época de sua vida que não lhe agradava.
- Você não... - ela voltou porta do escritório e sua voz acabou falhando por causa das lágrimas que escorriam pelo seu rosto.
- Isso mesmo que você ouviu. GOR-DA! A vida não é uma mar de rosas, babe! - respondi, sínico.
- Não aguento mais! Vou embora desta casa agora! - ela falou saindo do escritório e subindo a escada, indo para o nosso quarto.
A segui, correndo.
- Ótimo. Assim posso compor em paz! - fingi não me importar, enquanto ela arrancava suas roupas, sapatos, perfumes, tudo... e jogava dentro de uma mala grande.
- E agora você pode economizar. Vai poder trazer aquelas putas pra cá e não pagar mais hotéis pra tentar esconder de mim - ela falou fechando o zíper da mala.
- Ah, é. Obrigado, , fez um grande favor. Afinal, você nem era tão boa de cama, mesmo... - menti, com um sorriso cafajeste nos lábios.
- TE ODEIO! - ela gritou, me empurrando e descendo as escadas - Agora, sim, não tem volta mais! Vê se me esquece - e ouvi o estrondo forte da porta da frente batendo violentamente.
- Droga... - murmurei enquanto me encostava na parede e escorregava as costas pela mesma, lentamente, até me sentar no chão e ficar fitando o teto completamente descorajado.

 (...)

 Já fazia seis meses que saiu da minha casa e eu tentava seguir a minha vida. Era sábado e hoje eu não trabalhava na gravadora. Sim, eu havia conseguido aquele contrato.
Tomei o desjejum calmamente e me joguei no sofá. Estava procurando algo o que ver quando o meu celular tocou. Era Zayn.
- Fala, cara - atendi.
- Velho! Vem direto pro hospital municipal daqui...
- Como assim? O que houve? - perguntei assustando, praticamente pulando do sofá.
- . Ela acordou com uma enorme dor de cabeça e os pais dela a trouxeram pra cá aos prantos. Eu sei que vocês terminaram, mas qualquer apoio à família é bem-vindo. A coisa parece ser séria - e ele desligou.
Coloquei uma roupa rapidamente e entrei no carro. Fique estressado com o engarrafamento na cidade e só sosseguei quando consegui entrar no hospital e vagar pelos corredores a procura do pessoal. Encontrei os rapazes, as amigas de , o pai e a mãe aos prantos. Corri até eles e perguntei, completamente desesperado por uma resposta:
- E aí? Aconteceu algo? O que ela tem?
- Ela foi diagnosticada com câncer - respondeu Dona em um choro abafado pelo peito do marido que tentava parecer forte para a confortar.
 E foi assim que meu mundo desabou completamente.

(...)

já estava ciente do que tinha e, por incrível que pareça, não estava tão depressiva assim. Sessões de quimioterapia você quer saber? Não estão sendo feitos. O estágio do câncer dela já estava muito avançado, se ela fizesse quimioterapia só a deixaria mais fraca ainda. Se funcionasse, só iria lhe dar mais algumas semanas de vida. Eu quis ajudar, na esperança de que funcionasse, oferecendo uma boa grana que ganhei no lançamento do meu primeiro álbum... mas a família não aceitou. O porquê eu não sei.
 De acordo com os médicos que acompanhavam do caso de , ela só tinha mais poucos meses de vida... e isso me matava a cada dia mais!
Ela havia me perdoado por tudo que eu tinha feito e, também, pediu a minha ajuda para preparar o seu funeral. Bom, hoje nós marcamos de ir até o hospital para falar a ela os nossos discursos. Pedi para ser o último a falar:
- Bom, eu não quero parecer um egoísta desalmado neste momento, mas eu agradeço a você eternamente por ter me salvado de um buraco vazio, escuro e profundo. Por entre tantas idas e vindas ser a única pessoa a me fazer entender realmente o que é amar e ser amado. Agradeço principalmente a Deus por ter me dado alguém tão especial como você na minha vida. Você me deu tudo o que eu sempre quis; e ultrapassou todas as minhas expectativas sendo o que eu sequer um dia imaginei em querer... E vou me culpar eternamente por ter te feito sofrer tanto. Me desculpe por reconhecer o meu amor por você tão tarde. Mas acredite, você nunca mais será esquecido ou menosprezada. Pois quando alguma pessoa tentar te esquecer eu vou lembrá-la de você e deu jeito marcante que me faz enlouquecer. E quando outra pessoa vier te menosprezar contarei a ela a história de uma guerreira, uma garota que mudou não só a minha vida, como a de várias outras pessoas. Eu te amo, . Acredite. Porque nunca mais terei outra pessoa em minha vida. Pois você sempre será a primeira e última.

(...)

Já fazia um tempo que eu e voltamos (pois é, de novo... rs) e eu não desgrudava dela. Passava noites em claro a ajudando a tomar os medicamentos certos e a dormir, pois ela tinha medo de fechar os olhos e não poder mais abrí-los.
Essa noite eu havia sido expulso do hospital pelos próprios médico, dizendo que eu precisava descansar por ficar três noites seguidas acordado. Disseram que eu deveria primeiro cuidar de mim mesmo para poder cuidar dela, e, por parte, isso era certo. Pedi para Niall e ficarem cuidando de essa noite por mim e que se algo acontecesse eles me ligassem.
Estava fitando o teto do meu quarto completamente perturbado pelo fato de não estar ao lado de . Estava tentando me manter calmo, ter pensamento positivo ... na esperança de que nada não iria acontecer com . Com isso em mente, fechei meus olhos aos poucos e respirei fundo. E foi aí que meu celular tocou. Olhei no visor, receoso, e vi na tela a foto de Isadora. Algo havia acontecido. Com as mãos completamente trêmulas, atendi o celular e disse um fraco 'alô', o que eu ouvia era o choro de Niall e , e então ela disse:
- Harry - deu uma pequena pausa dando um suspiro pesado e doloroso -, aconteceu.
E morreu no dia 21 de junho de 2013 às 02:24 da madrugada

 -- Flashback off --

Me vesti, coloquei o discurso dentro do paletó, entrei no carro e fui para uma floricultura. Segui em direção ao cemitério e encontrei um grupo de pessoas reunidas e sentadas em algumas poucas cadeiras. Sentei no final, ao lado de , uma outra amiga de . Esperei aqueles discursos e algumas orações e rezas totalmente idiotas e desnecessárias até ouvir meu nome ser chamado.
Coloquei o buquê de rosas pretas em cima do caixão. Eram as favoritas dela. Ao lembrar disso, meus olhos ficaram marejados e eu fiquei um tempo a fitá-la e a acariciar sua pele e cabelos sem vida por causa dos medicamentos. Estava praticamente no meio de uma despedida dentro de um mundo alternativo onde só existia eu e ela. Eu poderia ficar a eternidade assim, a fitá-la... sempre tão delicada e forte. Mas o pai de veio para o meu lado e colocou a mão em meu ombro, despertando-me de minha despedida e de meu mundo imaginário.
- Tudo bem, garoto? - perguntou ele, preocupado.
- Não... Pode deixar - afirmei.
Relutante, comecei a tirar o discurso do bolso interno do paletó, então parei. O importante eu já havia feito: li meu discurso para ela e demonstrei meu amor por ela o máximo que pude até o último momento. Essas pessoas que estava nesse funeral não a haviam visitado uma vez sequer enquanto ela estava doente. Estavam fazendo um choro falso, deduzi. Eles não se importaram sobre como ela ou a família e todos ao redor dela realmente se sentiam. Estavam apenas sofrendo superficialmente, se é que estavam sofrendo. Eles não sabiam nada sobre ou sobre mim e família dela. Então não precisavam ouvir meu discurso. Elas não precisavam saber nada do que ocorrera conosco.
Me aproximei do caixão novamente, tirando o discurso e colocando-o entre suas mãos que seguravam o buquê. Desta vez, dei um beijo em seus lábios gélidos e sussurrei:
- Eu te amei ontem. Eu te amo hoje. E te amarei eternamente, .
Me recompus e comecei a falar do legado que deixaria para nós, vivos. Falei coisas que confortassem e alegrassem o coração da família e dos mais íntimos. Afinal, funerais são para os vivos, e não para os mortos... E acho que cumpri a minha meta com todo naquele funeral e, principalmente, ela. A minha, e só minha, .

(...)

Trinta anos se passaram desde a experiência vivida com . Hoje estou com 54 anos e não penso em voltar ao passado, pois os poucos momentos em que fomos felizes cobriram todo o sofrimento que fomos obrigados a viver. Andando pelas ruas desertas de Londres, por causa da neve, o vento gélido bate em meu rosto, me fazendo recordar do jovem músico de 24 anos que não sabia o que queria da vida após a morte de sua amada. A alegria e o otimismo de , mesmo quando soube que estava doente por algo tão sério, me serviram de exemplo e eu segui em frente. Mas não procurei nada nem ninguém pra substituí-la. Porque, como eu disse há anos atrás, ela foi e sempre será a última de minha vida. Eu a amarei eternamente.
Dessa maneira, dou um pequeno sorriso ao vento e continuo a caminhar em direção ao pôr-do-sol... perdido em meus pensamento e memórias com a minha . Para sempre e sempre.

(...) Olhando para o fundo do seu copo; Esperando que um dia faça um sonho durar; Mas sonhos chegam devagar e passam muito rápido; você a vê quando fecha os olhos; Talvez um dia você entenda porquê; Tudo que você toca, certamente, morre (...) Olhando para o teto no escuro; O mesmo velho sentimento de vazio em seu coração; O amor chega devagar e passa muito rápido; Bem, você a vê quando dorme; Mas para nunca tocar e nunca manter; Porque você a amava muito; E você mergulhou muito fundo (...) Pois você só precisou de luz quando escureceu; Só sentiu falta do sol quando começou a nevar; Só soube que a amava quando a deixou ir; Só soube que estava bem quando ficou pra baixo; Só odiou a estrada quando sentiu falta de casa; Só soube que a amava quando a deixou ir; E você a deixou ir "  -       Passenger, Let Her Go

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